Principais influências- destacou na música erudita: Heitor Villa-Lobos, Béla Bartók e Johann Sebastian Bach (chegou a tocar peças de Bach quando estudava violão clássico). Na música popular, os saxofonistas Stan Getz, Sonny Rollins e John Coltrane.
Música popular brasileira- quem acompanha ou vier a pesquisar a música de Ivo Perelman, vai perceber um flerte mais direto com o gênero no início de sua carreira. Vivendo há mais de 20 anos nos EUA, Ivo disse que o distanciamento foi um processo natural. No começo, “o Brasil estava mais ‘fresco’”. Para concluir, citou uma frase de um amigo jornalista: “Ivo pode não estar dentro do Brasil, mas o Brasil sempre estará dentro do Ivo”.
Música improvisada- Ivo disse não gostar muito dessa expressão, pois toda música por natureza nasce de forma improvisada. Ele prefere se referir a sua expressão musical como “composição instantânea”. Quando questionei se esse estilo musical está fadado ao underground, o músico disse com veemência: “não, pelo contrário, com o tempo essa música se tornará mainstream”.
Processo de composição- nada é estruturado, combinado ou escrito com antecedência. A música nasce no momento presente com uma estrutura inerente, tudo baseado nos anos de estudo e dedicação de cada músico do grupo. Composição instantânea, como foi citado no tópico anterior.
Relação entre a música e as artes plásticas- a pintura de Ivo Perelman é abstrata, assim como de certa forma, a música que pratica. Ele disse que a influência entre as duas linguagens artísticas acontece de forma natural, não é algo premeditado. Quando pedi um paralelo entre a prática da improvisação na música e a pintura abstrata, o artista disse que “só mudam os meios, a metodologia é a mesma”. Quanto ao mercado, à aceitação do público entre as duas vertentes, ele disse que acontece “quase que um ‘empate técnico’”.
Destaques da cena musical contemporânea- Ivo destacou os músicos que estão o acompanhando nessa passagem pelo Brasil: o pianista Matthew Shipp, o baixista e guitarrista Joe Morris e o baterista Gerald Cleaver. Citou também os saxofonistas Joe McPhee e Charles Gayle.
O artista falou também a respeito da aceitação de sua música e identificou o continente europeu como o mais receptivo. Nos EUA, o jazz tradicional (naturalmente) tem mais espaço.
Quando perguntei se é necessária uma grande bagagem musical para executar a vertente que pratica, Ivo Perelman disse que "quanto mais informado o músico das várias escolas estéticas que o precederam, maior será a profundidade de seu trabalho”. E para finalizar disse: “uma pedra preciosa pode ter mais valor quando lapidada”.
3 comentários:
Galvão, bacana a conversa. Bem que o Otis poderia ter sido escalado para abrir esses shows, não?
Ave Maria, Fabricio!
Nem me fale...
Eu sou bastante suspeito para falar dos trabalhos escritos do amigo Galvão. Faz ensaios naturais, discorre com propriedade sobre os temas e tem modos inovadores e ousados para fugir da vala comum do jornalismo viciadão. Hoje, quando quero ler algo com propriedade e conhecimento de causa leio Luiz Galvão. Agora eu quero ver quanto tempo vai demorar pra geral descobrir isso que falo...
Abraço ao amigo...
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