Pelo menos com relação à qualquer ser humano, num primeiro contato minimamente visual, você é capaz de respeitá-lo ou é necessário algum aval para que isso aconteça?
Basta pra você, ele simplesmente existir? Ou isso depende de sua origem, da cor da pele dele, da roupa que ele veste, do que ele come...?
Seria bom refletir, pois senão a única coisa que irá fazê-lo, será o seu espelho. O que você vê de negativo no outro sem ao menos conhecê-lo, geralmente é o que você é...
E no Brasil, em que numa mesma família, há brancos e negros, você ainda acredita numa raça pura? E se essa 'pureza' realmente existir, ela faz diferença? O tom da pele é um juízo de caráter prá você?
Siba e Bráulio Tavares nos fazem refletir o conceito de raça no Brasil, na música 'Sêmen', gravada pelo extinto grupo Mestre Ambrósio em 1999, no disco 'Fuá na Casa de Cabral'.
Sêmen
Mestre Ambrósio
Composição: Siba e Bráulio Tavares
Nos antigos rincões da mata virgem
Foi um sêmen plantado com meu nome
A raiz de tão dura ninguém come
Porque nela plantei a minha origem
Quem tentar chegar perto tem vertigem
Ensinar o caminho, eu não sei
Das mil vezes que por lá eu passei
Nunca pude guardar o seu desenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?
Esse longo caminho que eu traço
Muda contantemente de feição
E eu não posso saber que direção
Tem o rumo que firmo no espaço
Tem momentos que sinto que desfaço
O castelo que eu mesmo levantei
O importante é que nunca esquecerei
Que encontrar o caminho é meu empenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?
Como posso saber a minha idade
Se meu tempo passado eu não conheço
Como posso me ver desde o começo
Se a lembrança não tem capacidade
Se não olho pra trás com claridade
Um futuro obscuro aguardarei
Mas aquela semente que sonhei
É a chave do tesouro que eu tenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?
Tantos povos se cruzam nessa terra
Que o mais puro padrão é o mestiço
Deixe o mundo rodar que dá é nisso
A roleta dos genes nunca erra
Nasce tanto galego em pé-de-serra
E por isso eu jamais estranharei
Sertanejo com olhos de nissei
Cantador com suingue caribenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?
Como posso pensar ser brasileiro
Enxergar minha própria diferença
Se olhando ao redor vejo a imensa
Semelhança ligando o mundo inteiro
Como posso saber quem vem primeiro
Se o começo eu jamais alcançarei
Tantos povos no mundo e eu não sei
Qual a força que move o meu engenho
Como posso saber de onde venho
Se a semente profunda eu não toquei?
E eu
Não sei o que fazer
Nesta situação
Meu pé...
Meu pé não pisa o chão.

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2 comentários:
O “outro” se faz da essência o essencial...
“... num primeiro contato...”, sei que eu como ser humano tenho a capacidade de julgar com os olhos ou até em pensamento, mas ao contrário disso, não que eu seja um “ser perfeito”, já que nenhum ser conseguiu atingir esse grau, enfim..., procuro olhar nos olhos, os mesmos que me levam ao coração. O amor e o respeito vêm daí, do coração.
Venho lutando contra o pré-conceito e o racismo diariamente e sei que estes 'ainda' me culpam por minha existência e isso sinceramente, só me dá forças pra continuar, por mais que seja árdua.
"Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver".
(Martin Luter King Jr.)
e não acaba aqui não, a idéia é infinita...
nos falamos!!
Um forte abraço!
Estou contigo!
Putz, essa é para mim a melhor música dessa banda que tá fazendo falta demais!!!!
abração!
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